domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa


As espigas de Aninha

A estrada da vida
pode ser longa e áspera.
Faça-a mais longa e suave.
Caminhando e cantando
com as mãos cheias de sementes.

A um jovem distante
o Pai deu uma gleba de terra,
e disse: trabalha, produz.
Era no tempo e ele plantou...
E me mandou no tempo quatro espigas de sua planta,
enfeitadas com os selos caros do correio.

Como o Leitor receberia este presente?

Era abril na minha cidade.
Páscoa.
Sempre, abril é Páscoa.
Recebi as espigas resguardadas em meia palha dourada,
símbolo de um trabalho fecundo.

Preparando sua terra
plantando e produzindo,
ele estava esquecendo angústias
do presente
e enchendo a tulha do futuro.

Eu o abençoei de longe
com a ternura dos meus cabelos brancos.

Cora Coralina

em 
Vintém de Cobre, meias confissões de Aninha, Editora da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1987
Fonte: Para ser zen

Um comentário:

  1. Achei muito linda e intrigante essa figura, não tinha visto ainda essa obra, muito bacana o teu blog, bem escrito, bem feito...obra prima da net!!!! boa páscoa.

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